Imagine nascer imperador… e morrer como jardineiro. Essa foi a trajetória impressionante de Pu Yi, o último imperador da China. Ele subiu ao trono em 1908 com apenas dois anos de idade, durante os últimos dias da Dinastia Qing, a última dinastia imperial chinesa. Pequeno demais para entender o poder que carregava, Pu Yi foi colocado no trono do Dragão sob a sombra de eunucos, tutores e cortesãos.
Mas sua realeza durou pouco. Em 1912, com apenas 6 anos, Pu Yi foi forçado a abdicar após a Revolução Xinhai, que pôs fim a mais de dois mil anos de império na China. Apesar disso, ele pôde continuar vivendo dentro da Cidade Proibida como uma figura simbólica, em um tipo de prisão dourada — um imperador sem império.
Pu Yi é expulso da Cidade Proibida
Aos 18 anos, foi expulso definitivamente da Cidade Proibida e viveu uma juventude instável, marcada por tentativas frustradas de recuperar o trono. O jovem imperador deposto buscava apoio entre nacionalistas, estrangeiros e até militares — qualquer um que pudesse restaurar seu status imperial.
Mas o destino o levou por um caminho ainda mais controverso. Em 1934, com o apoio do Japão imperial, Pu Yi foi instalado como imperador fantoche da Manchúria, em um estado artificial chamado Manchukuo. Embora usasse a coroa novamente, era controlado pelos japoneses e não passava de uma figura decorativa. Sua imagem era usada para legitimar a ocupação estrangeira.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Pu Yi foi capturado pelos soviéticos e, depois, entregue ao novo regime comunista chinês de Mao Tsé-Tung. Durante anos, passou por um processo de reeducação política. Ao contrário do que muitos esperavam, ele não foi executado. Foi libertado em 1959 como “um cidadão reabilitado”.
Vida simples
A partir daí, viveu uma vida simples: tornou-se jardineiro, depois bibliotecário, e escreveu suas memórias, publicadas como Eu fui imperador da China. Morreu em 1967, durante a Revolução Cultural, já sem qualquer vestígio do trono que um dia ocupou.
A história de Pu Yi é um espelho das transformações radicais da China no século XX: do império à república, da ocupação estrangeira ao comunismo. Um homem que foi símbolo do passado imperial e, ao mesmo tempo, testemunha viva do nascimento da China moderna.