O fungo chamado de Entomophthora muscae pode ser traduzido como “destruidor de insetos”. É um patógeno obrigatório — totalmente dependente de seu hospedeiro — que infecta moscas e as transforma em “zumbis” que executam sua vontade.
Descobertas há mais de 160 anos, as ações do fungo são tão alucinantes quanto macabras. Os cientistas há muito se perguntam: como o fungo consegue controlar o cérebro da mosca? Como ele “sabe” fazer isso em um horário específico do dia? Quais genes dentro de seu genoma o ajudam a se tornar um mestre manipulador?
O modus operandi do fungo
Depois que o fungo infecta a mosca, ele não vai direto para os órgãos vitais, mas começa a consumir gorduras e outros nutrientes, gradualmente matando o inseto de fome, mas mantendo-o vivo.
Somente quando fica sem órgãos não vitais para mastigar, o fungo começa a controlar o comportamento da mosca, garantindo assim sua continuidade: ao forçar a mosca a buscar determinada altura e ficar presa lá, ele garante ampla distribuição de seus esporos.
Os esporos de fungo não são sementes, mas são estruturas reprodutivas que desempenham uma função semelhante à das sementes.
Os machos das moscas voam e tentam acasalar com os cadáveres infectados — e acabam infectados. Cientistas descobriram em 2022 que o fungo libera produtos químicos voláteis que atraem os parceiros das moscas. Não está totalmente claro, porém, se os voláteis estão atraindo moscas machos com a promessa de sexo ou nutrição.
A caminhada final da mosca zumbi
A mosca infectada com o fungo começa a se comportar estranhamente. Seus movimentos se tornam lentos, seu abdômen incha. Do corpo brota penugem branca.
Perto do pôr-do-sol, há uma explosão repentina de movimento, conforme a mosca sobe — ou “chega ao topo” — para um local elevado, como uma pequena planta ou um graveto, e estende as partes bucais. Ela expele uma gosma pegajosa que a prende firmemente ao poleiro — então ela levanta as asas e morre.
Lá embaixo, outras moscas desavisadas são atingidas por uma chuva de esporos brancos vindos do corpo da mosca morta. E o ciclo começa de novo.