O Jubileu ocorre a cada 25 anos e é um período especial para os católicos em todo o mundo. O conceito de Ano Santo tem raízes profundas na história da Igreja Católica e é centrado em torno da peregrinação a Roma, renovação espiritual e perdão dos pecados.
Esta tradição se originou no antigo costume judaico e foi revivida para comunidades cristãs na Idade Média pelo Papa Bonifácio VIII em 1300. Desde então, o Ano Santo se tornou um dos eventos mais esperados do calendário católico. Para o Jubileu de 2025, acredita-se que incríveis 30 milhões de pessoas visitarão a Cidade Eterna para participar das celebrações.
A ideia do Jubileu se origina do Antigo Testamento, e a prática é descrita no Livro de Levítico. Na antiga lei judaica, um ano de Jubileu era declarado a cada 50 anos.
Durante o Ano Santo, dívidas eram perdoadas, certos tipos de escravos eram libertados, e terras que tinham sido vendidas eram devolvidas aos seus donos originais em reconhecimento ao fato de que toda propriedade pertence, em última análise, a Deus.
O Jubileu era anunciado pelo som de um chifre de cabra, conhecido como shofar ou yōbēl em hebraico. Com o tempo, essa palavra se transformou em nosso termo moderno Jubileu.
Bonifácio VIII e o Ano Santo de 1300: o primeiro Jubileu
O primeiro jubileu católico somente ocorreu a partir do ano de 1300 e, de acordo com relatos contemporâneos, começou como uma manifestação espontânea de devoção religiosa.
A virada do século que se aproximava foi considerada por muitos como um tempo carregado de significado espiritual, presságios apocalípticos e antecipação nervosa, e viajantes de toda a Europa afluíram a Roma nos últimos dias de 1299.
Peregrinos se reuniam na Praça de São Pedro na véspera de Natal (o ano novo era marcado pelo Dia de Natal durante esse período), e rumores circulavam de que o Papa estava se preparando para conceder uma remissão generalizada de pecados para os fiéis reunidos.
Na realidade, o Papa Bonifácio VIII não pretendia tal coisa, mas vendo as multidões se aglomerando no centro da cristandade, ele decidiu adotar a ideia.
Voltando-se para o precedente bíblico, o pontífice resolveu reviver a antiga ideia hebraica de um Ano Santo, e publicou a Bula Papal “Antiquorum fida relatio” em 22 de fevereiro de 1300.
A Bula declarou que os peregrinos que viajassem para Roma durante o restante do ano receberiam o perdão de seus pecados (a chamada indulgência plenária) sob a condição de que visitassem a basílica de São Pedro e a de São Paulo por 15 dias consecutivos.
Os moradores locais não foram deixados de fora. Os residentes romanos também tinham direito à indulgência plenária, desde que visitassem as basílicas por 30 dias consecutivos.
Cronistas contemporâneos relatam que 2 milhões de peregrinos visitaram Roma ao longo do ano, um número incrível quando você considera os perigos e dificuldades de viajar na Idade Média. Entre as figuras famosas que fizeram a jornada, sabemos que Giotto e Dante compareceram ao primeiro Jubileu.
Um afresco de Giotto representando Bonifácio proclamando o Jubileu sobrevive na igreja de São João de Latrão, enquanto Dante menciona o Jubileu de 1300 na Divina Comédia, descrevendo hordas de peregrinos correndo pela Ponte dos Anjos a caminho do Vaticano.
Tal era o fluxo de visitantes, que a ponte foi dividida em duas faixas de acordo com um sistema de mão única: uma para os peregrinos que chegavam e outra para os que partiam.
A ideia do Jubileu prosseguiu com outros papas
Após o sucesso inquestionável do Jubileu de 1300, os papas subsequentes continuaram a tradição, embora a frequência e as condições do Ano Santo variassem. Bonifácio havia decretado que o Jubileu seria celebrado a cada 100 anos na virada de cada século, mas na prática os lucros potenciais dos Anos Santos eram tão grandes que vários papas não conseguiram resistir a encurtar o intervalo entre eles.
Apesar de estar exilado em Avignon, no sul da França, o Papa Clemente VI foi convencido por uma delegação de nobres romanos a declarar o próximo Jubileu em 1350, e despachou um Cardeal Gaetani Ceccano para presidir o evento. Para facilitar a passagem segura de milhões de peregrinos que desejavam fazer a viagem, o papa conseguiu negociar uma trégua na amarga guerra em andamento entre a França e a Inglaterra.
Além das visitas a São Pedro e São Paulo, para ganhar sua indulgência plenária desta vez, os peregrinos também teriam que visitar a basílica de São João de Latrão.
O Papa Urbano VI reduziu ainda mais o intervalo para 33 anos, para simbolizar o número de anos que Jesus passou na Terra. Urbano adicionou a Basílica de Santa Maria Maggiore à lista de igrejas que os peregrinos precisavam visitar para obter sua indulgência. Mais tarde, o Papa Paulo II em 1470 estabeleceu a prática atual de celebrar o Jubileu a cada 25 anos.
O jubileu da Esperança de 2025
O Jubileu da Esperança de 2025 teve início com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro pelo Papa Francisco, no dia 25 de dezembro de 2024. O evento deu início a um Jubileu que animará Roma ao longo do ano com celebrações religiosas e não só, envolvendo também igrejas jubilares no resto do mundo.
Foram abertas as Portas Santas das quatro basílicas papais, bem como uma porta especial na prisão de Rebibbia, no dia 26 de dezembro, também aberta pelo Pontífice.
O Papa Francisco dedicou este Ano Santo à “esperança” e convida-nos a refletir sobre a nossa própria vida e o sentido de comunidade. Nas redes sociais ele compartilhou: “Os Jubileus são oportunidades preciosas para ouvir o que o Espírito Santo nos sugere”.