Você sabia que o Egito Antigo teve uma mulher que governou como faraó e foi uma das maiores líderes de sua história? Seu nome era Hatshepsut, e ela desafiou todas as normas de seu tempo ao assumir o trono como rei — e não como rainha.
Hatshepsut nasceu por volta de 1507 a.C., filha do faraó Tutmés I. Casou-se com seu meio-irmão, Tutmés II, seguindo a tradição egípcia que visava manter o sangue real puro. Quando o marido morreu, o trono deveria ter passado para Tutmés III, filho de uma concubina, ainda criança.
A ascensão de Hatshepsut
Foi então que Hatshepsut assumiu a regência… e, com o tempo, proclamou-se faraó. Mas não como uma rainha-mãe ou regente temporária — ela se declarou rei do Egito, adotando títulos masculinos, vestindo-se com trajes de faraó, inclusive a tradicional barba postiça, símbolo de poder.
Essa decisão foi radical. No Egito Antigo, a ordem divina e a política estavam profundamente entrelaçadas. O faraó não era apenas o governante — era o representante dos deuses na Terra. E essa posição era, quase sempre, ocupada por homens. Hatshepsut não apenas reivindicou esse papel, mas o exerceu com maestria. Seu reinado, que durou cerca de 22 anos, foi marcado por estabilidade, prosperidade e grandes realizações.
Ela investiu pesado em obras monumentais. O mais famoso de seus projetos é o Templo Mortuário de Deir el-Bahari, construído em terraços grandiosos junto às falésias de Tebas — hoje, Luxor. Hatshepsut também patrocinou expedições comerciais, como a famosa viagem à Terra de Punt, que trouxe ao Egito riquezas exóticas: mirra, ébano, incenso e até árvores vivas que foram plantadas nos jardins reais.
Registros apagados
Curiosamente, depois de sua morte, muitos dos registros sobre ela foram apagados. Tutmés III, já adulto e no trono, parece ter tentado reescrever a história, removendo imagens e inscrições de Hatshepsut como faraó. Por séculos, seu nome quase desapareceu dos registros — até ser redescoberto por arqueólogos no século XIX.
Hoje, Hatshepsut é reconhecida como uma das líderes mais notáveis da história egípcia. Sua inteligência política, sua ousadia e sua capacidade de governar com firmeza e visão a tornaram uma figura única. Ela provou que o poder não tem gênero e que, mesmo num mundo dominado por homens, uma mulher podia se erguer como faraó — e reinar com brilho e grandeza.