Ao longo da história da Igreja Católica, o conclave — a reunião dos cardeais para eleger um novo papa — já teve durações bastante variadas. Alguns foram rápidos, resolvidos em dias, enquanto outros se estenderam por meses, até mesmo anos, marcados por tensões políticas e eclesiásticas. Abaixo estão os dez conclaves mais longos já registrados:
Conclave de Viterbo (1268–1271): O mais longo da história, durou 2 anos e 9 meses. A demora foi tanta que os cidadãos de Viterbo trancaram os cardeais e até arrancaram o telhado do local para forçá-los a chegar a um consenso. Elegeram o papa Gregório X.
Conclave de 1314–1316: Durou 2 anos. Realizado em Avinhão, na França, enfrentou profundas divisões entre cardeais franceses e italianos. Terminou com a eleição de João XXII.
Conclave de 1264–1265: Com duração de cerca de 5 meses, esse conclave também foi conturbado, refletindo tensões políticas após o falecimento de Urbano IV. Clemente IV foi o eleito.
Conclave de 1280–1281: Levou 6 meses para concluir. O clima hostil em Viterbo atrasou a eleição de Martinho IV.
Conclave de 1292–1294: Estendeu-se por 2 anos e 3 meses, terminando com a eleição do eremita Celestino V, que depois renunciaria ao papado.
Conclave de 1181: Durou cerca de 2 meses e meio, encerrando com a eleição de Lúcio III.
Conclave de 1740: Durou 6 meses. A eleição de Bento XIV foi marcada por debates teológicos e interesses políticos das monarquias europeias.
Conclave de 1503 (setembro): Apesar de ter durado cerca de um mês, foi tumultuado por disputas entre as casas reais da França e da Espanha.
Conclave de 1667: Levou 3 meses, resultando na eleição de Clemente IX, após intensa influência da França e da Espanha.
Conclave de 1774–1775: Durou mais de 4 meses, e foi bastante politizado, terminando com a eleição de Pio VI.
Curiosidades sobre o conclave
A palavra “conclave” vem do latim cum clave, que significa “com chave”, fazendo referência ao fato de que os cardeais são trancados em um local isolado até que se chegue a um consenso sobre o novo papa. Esse sistema foi oficialmente instituído pelo papa Gregório X após o longo conclave de 1268–1271, para evitar repetições de atrasos tão extensos.
Durante o conclave, os cardeais não têm acesso a telefones, internet ou qualquer meio de comunicação com o mundo exterior. As votações ocorrem em sigilo, geralmente duas pela manhã e duas à tarde.
Após cada votação, as cédulas são queimadas; se não há novo papa, adiciona-se uma substância para tornar a fumaça negra. Quando há eleição, a fumaça é branca e o sino da Basílica de São Pedro é tocado. A frase “Habemus Papam” é então proclamada ao povo reunido na Praça de São Pedro.
O conclave de 2025: pós-Francisco
Após a morte do papa Francisco, ocorrida em março de 2025, a Igreja Católica se prepara para um dos conclaves mais aguardados das últimas décadas. Com um Colégio de Cardeais bastante diversificado — fruto das nomeações feitas por Francisco ao longo de seu pontificado — o cenário está aberto a surpresas.
Há uma expectativa de que o novo papa seja alguém que continue as reformas iniciadas por Francisco, especialmente no que diz respeito à descentralização do poder e à valorização das igrejas locais, especialmente no Sul Global.
O conclave acontecerá na Capela Sistina, sob os frescos de Michelangelo, e será composto por cerca de 130 cardeais com menos de 80 anos, habilitados a votar.
Espera-se um processo célere, devido ao fato de que muitos dos eleitores foram escolhidos pelo próprio Francisco e compartilham uma visão de Igreja mais pastoral, menos centrada na Europa e mais próxima dos pobres e marginalizados.
Independentemente de quem seja eleito, o conclave de 2025 marcará uma nova fase para o catolicismo mundial — e possivelmente um novo estilo de liderança no Vaticano.