Eunice Paiva foi uma advogada e ativista incansável na defesa dos Direitos Humanos no Brasil. Viúva de Rubens Paiva, engenheiro e ex-deputado desaparecido durante a ditadura militar, ela transformou a dor pessoal em resistência e luta por justiça. Sua trajetória é marcada por coragem, resiliência e uma dedicação inabalável à defesa das vítimas da repressão política. Sua história, agora revisitada no filme “Ainda Estou Aqui”, segue inspirando novas gerações.

O desaparecimento de Rubens Paiva e o início da luta

O nome de Eunice Paiva ficou marcado na história do Brasil após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, em 1971. O ex-deputado foi preso em São Paulo por agentes da repressão e nunca mais foi visto. A versão oficial do governo alegava que ele teria fugido, mas testemunhos e documentos comprovam que foi torturado e morto sob custódia do regime militar.

Diante do silêncio e da omissão das autoridades, Eunice passou a buscar respostas. Sem nunca obter esclarecimentos oficiais, tornou-se uma das vozes mais importantes na denúncia das violações de direitos humanos cometidas pelo Estado. Sua atuação ganhou projeção internacional, sendo reconhecida por entidades de defesa dos direitos civis.

Eunice Paiva e os Direitos Humanos

Após a perda de seu marido, Eunice Paiva decidiu dedicar-se ao estudo do Direito, tornando-se advogada especializada na defesa de indígenas e camponeses. Trabalhou incansavelmente para garantir a demarcação de terras e os direitos das populações tradicionais, enfrentando interesses poderosos e um sistema jurídico muitas vezes hostil.

Além disso, Eunice foi uma das mulheres que, durante o período de abertura política, ajudou a organizar movimentos de familiares de presos e desaparecidos políticos. Sua luta foi fundamental para a redemocratização do Brasil e para o reconhecimento dos crimes da ditadura. Com coragem e persistência, pressionou o governo para esclarecer o paradeiro de Rubens e de tantas outras vítimas.

Doença e falecimento

Nos últimos anos de vida, Eunice enfrentou a Doença de Alzheimer. Mesmo com as limitações impostas pela enfermidade, sua trajetória seguiu sendo lembrada e exaltada por aqueles que conviveram com ela e por aqueles que se inspiram em sua luta.

Eunice Paiva faleceu em 2018, aos 86 anos, deixando um legado de resistência, coragem e compromisso com a justiça. Sua história, no entanto, continua viva nas ações de movimentos sociais e nas narrativas que recontam sua jornada.

O legado que chega ao cinema

A força e a dor de Eunice Paiva agora ganham uma nova dimensão com o lançamento do filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. O longa retrata a busca de Eunice por respostas e a luta para manter viva a memória de Rubens Paiva. A obra resgata um capítulo doloroso da história brasileira e reforça a importância da lembrança e do compromisso com a verdade.

O filme não apenas homenageia Eunice, mas também serve como um lembrete da necessidade de justiça e memória em tempos de revisões históricas. Seu legado segue inspirando aqueles que acreditam na democracia e nos direitos humanos, garantindo que sua voz jamais se apague.