Em uma reviravolta histórica que une duas das figuras mais icônicas da monarquia britânica, as rainhas Elizabeth I e Maria I, meio-irmãs e rivais durante suas vidas, foram sepultadas juntas na Abadia de Westminster.
Apesar de suas diferenças políticas e religiosas, que marcaram profundamente o reinado de ambas, seus restos mortais repousam lado a lado, simbolizando uma reconciliação póstuma que a história não vivenciou em vida.
A jornada para o descanso eterno
Maria I, conhecida como “Maria, a Sanguinária”, faleceu em 1558, deixando o trono para sua meia-irmã Elizabeth I. Maria foi inicialmente sepultada na Abadia de Westminster, mas sem uma tumba elaborada.
Anos mais tarde, quando Elizabeth I morreu em 1603, seu sucessor, o rei James I, ordenou a construção de um magnífico monumento para homenagear a última monarca da dinastia Tudor.
Curiosamente, ele decidiu que as duas irmãs compartilhariam o mesmo espaço, talvez em um gesto simbólico de união entre as divisões religiosas que marcaram seus reinados.
Um legado de conflito e reconciliação
A decisão de sepultar as duas irmãs juntas foi vista como um gesto de reconciliação simbólica. Durante suas vidas, Elizabeth e Maria foram profundamente divididas por questões de religião, poder e até mesmo pela prisão de Maria, ordenada por Elizabeth, que temia uma rebelião católica.
Apesar disso, o monumento compartilhado na Abadia de Westminster serve como um lembrete de que, no fim, ambas eram parte da mesma família e da mesma história.
O monumento na Abadia de Westminster
O túmulo das duas rainhas é uma das atrações mais visitadas na Abadia de Westminster. O monumento apresenta estátuas em tamanho real de Elizabeth I e Maria I, esculpidas em mármore, com inscrições que destacam seus reinados e legados. Apesar de suas diferenças, o local tornou-se um símbolo de união e respeito póstumo, atraindo milhares de visitantes anualmente.
A história de Elizabeth I e Maria I continua a fascinar estudiosos e entusiastas da história britânica. Sua relação complexa, marcada por rivalidade e conflito, mas também por laços familiares, reflete as tensões de uma era turbulenta. O fato de repousarem juntas na morte é um testemunho duradouro de como a história pode, eventualmente, unir aqueles que a vida separou.
Breves biografias de Elizabeth I e Maria I
Maria I (1516-1558), filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão, foi a primeira rainha reinante da Inglaterra. Conhecida por sua devoção ao catolicismo, ela perseguiu protestantes durante seu reinado, ganhando o apelido de “Maria, a Sanguinária”. Seu casamento com Filipe II da Espanha foi controverso e seu reinado foi marcado por conflitos religiosos e políticos.
Elizabeth I (1533-1603), filha de Henrique VIII e Ana Bolena, ascendeu ao trono após a morte de Maria. Conhecida como a “Rainha Virgem”, seu reinado de 45 anos é frequentemente chamado de “Era de Ouro” da Inglaterra. Elizabeth restaurou o protestantismo e consolidou o poder naval e cultural do país, tornando-se uma das monarcas mais celebradas da história britânica.