A África foi berço de grandes impérios que deixaram um legado impressionante na história humana. Conheça oito reis e rainhas que marcaram a história por seu poder e esplendor:

Aquenáton, faraó do Egito

Aquenáton conhecido antes do quinto ano de reinado como Amenófis IV ou em egípcio antigo Amenotepe IV, foi um Faraó da XVIII dinastia do Egito que reinou por dezessete anos e morreu em 1336 ou 1334 a.C.

Desde o início de seu reinado, Aquenáton e sua esposa Nefertiti decidiram desafiar todo o sistema religioso do Antigo Egito. Determinados a abalar as estruturas de sua sociedade, eles introduziram ideias que colocariam o império à beira do colapso.

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Foto: Warren LeMay/Wikipedia Commons

O casal assumiu o poder durante o auge da civilização egípcia, por volta de 1.353 a.C., uma época em que o império era o mais rico e poderoso do mundo. As colheitas eram abundantes, a população estava bem alimentada, os templos e palácios reais estavam repletos de tesouros, e o exército obtinha inúmeras vitórias contra seus inimigos.

Todos acreditavam que o sucesso era resultado da capacidade de manter os deuses satisfeitos. Foi nesse contexto que Aquenáton subiu ao trono com a ambição de transformar uma religião com mais de 1,5 mil anos de história.

Amina, rainha de Zazau (Zaria)

Amina, ou Aminatu, foi uma das maiores lideranças femininas que surgiram no século XVI no continente africano. Estima-se que ela tenha nascido em 1533. Foi rainha de Zazau (depois, conhecida como Zaria), uma das cidades-estados hauçás, no norte da Nigéria. Chegou ao poder por sucessão ao governo do então falecido pai, Bakwa Turunku.

Seu reinado durou cerca de três décadas e foi marcado por grandes avanços econômicos e militares. Como rainha, removeu obstáculos comerciais impostos ao seu reino e abriu novas rotas de comércio. Também expandiu os territórios sob seu domínio.

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Foto: Omoeko Media/Wikipedia Commons

Ordenou, ainda, a construção de uma espécie de muralha defensiva em torno de Zaira e de outros campos militares. Essas edificações tornaram-se uma característica comum entre os estados hauçás e ficaram conhecidas como “muros de Amina” (Ganuwar Amina) – embora pesquisas arqueológicas indiquem que as construções não coincidem com o período em que a soberana esteve à frente do governo.

Mansa Musa, rei do Império Mali

Mansa Musa (Musa I do Mali) foi o governante do reino do Mali de 1312 EC a 1337 EC. Durante seu reinado, Mali foi um dos reinos mais ricos da África, e Mansa Musa estava entre os indivíduos mais ricos do mundo.

Mansa Musa desenvolveu cidades como Timbuktu e Gao em importantes centros culturais. Ele também trouxe arquitetos do Oriente Médio e de toda a África para projetar novos edifícios para suas cidades. Musa transformou o reino do Mali em um sofisticado centro de aprendizado no mundo islâmico.

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Ilustração de Abraham Cresques

Ele chegou ao poder em 1312 EC, depois que o rei anterior, Abu Bakr II, desapareceu no mar. Mansa Abu Bakr II partiu em uma grande frota de navios para explorar o Oceano Atlântico e nunca mais retornou.

Musa herdou um reino que já era rico, mas seu trabalho na expansão do comércio fez do Mali o reino mais rico da África.

Makeda, rainha da Judeia (Rainha de Sabá)

Conhecida entre os povos etíopes como Makeda, essa rainha recebeu diferentes nomes ao longo dos tempos. Para o rei Salomão de Israel, seu marido, ela era a “rainha de Sabá”. Na tradição islâmica, também era chamada de Balkis ou Bilkis.

Flávio Josefo, historiador romano de origem judaica, a chamou de “Nicauli”. Acredita-se que tenha vivido no século X a.C.

Uma antiga compilação de lendas etíopes, o Kebra Negast (“Glória dos Reis”), foi datada como tendo sido escrito há 700 anos, e relata a história de Makeda e seus descendentes.

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Visita da Rainha de Sabá a Salomão – Retrato: Bonifazio Veronese

Neste relato, o rei Salomão teria seduzido a rainha de Sabá e tido com ela um filho, Menelik I, que se tornaria o primeiro imperador da Etiópia.

Descobertas arqueológicas recentes feitas no Mahram Bilqis (“Templo de Bilkis”), em Ma’rib, no Iémen, apoiam a tese de que a rainha de Sabá teria governado a Arábia Meridional, com evidências de que a área seria a capital do reino de Sabá.

Shaka Zulu, fundador do Império Zulu

Reconhecido por ser um gênio militar e por consolidar centenas de etnias africanas sob o Império Zulu, Shaka foi descrito como o Napoleão Africano. Apesar das discordâncias historiográficas sobre o quão cruel ele era, suas proezas militares e realizações são indiscutíveis.

Shaka nasceu por volta de 1787, filho do chefe Zulu Senzangakhona KaJama e de Nandi, pertencente a um clã vizinho. Ele e sua mãe foram exilados após seu nascimento, se juntando a um grupo completamente diferente, os Mthethwa. No final da adolescência, Shaka já demonstrava grande força e habilidade.

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Foto: Domínio Público

Sua primeira guerra foi travada quando ele tinha 21 anos. Com um metro e oitenta e muito musculoso, o jovem se equipava com três lanças de arremesso e um escudo oval com um metro de altura. Ele vestia uma capa de pele, sandálias de couro e rabos de boi brancos ao redor dos tornozelos.

Nzinga, rainha de Ndongo e de Matamba

Nzinga, também conhecida por Jinga ou Ginga, foi rainha dos reinos de Ndongo e de Matamba, situados na região atual de Angola, no século XVII.

Nascida em 1582, governou essas localidades por um período de aproximadamente 40 anos – depois de seu pai, Mbande a Ngola, e de seu irmão, Ngola Mbande.

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Ilustração da UNESCO representando a rainha Nzinga Mbandi confrontando as forças portuguesas

Nesse período, liderou a guerra contra o avanço da colonização portuguesa em seus reinos. Hábil e carismática, Nzinga comandou grupos de guerreiros e se destacou como grande negociadora, diplomata e estrategista, usando táticas de guerra e de espionagem.

Nzinga morreu em 1663 e tornou-se um símbolo de força e de resistência cultural – o que persiste até hoje.

Oba Oduduwa, rei Divino de Yoruba

Oduduwa foi um rei divino Yoruba, lendário fundador do Império Ifé e uma divindade criadora (orixá) na religião iorubá . Suas origens terrenas são da aldeia de Oke Ora.

Segundo a tradição, ele era o detentor do título de Olofin de Ile-Ifé, a cidade sagrada iorubá. Ele governou brevemente em Ifé, e também serviu como progenitor de uma série de dinastias reais independentes em Yorubaland.

Nas tradições religiosas iorubás, Oduduwa é visto como um ser divino ou semidivino que foi enviado pela divindade criadora, Olodumare, do céu para criar a terra sobre as águas.

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Foto: Yemi Festus/Wikipedia Commons

Essas crenças são consideradas pelos tradicionalistas iorubás como a pedra angular de sua história de criação. Obatala, irmão de Oduduwa, e Oduduwa aqui são representados simbolicamente por uma cabaça, com Obatala ficando no topo e Oduduwa na parte inferior.

Nesta narrativa, Oduduwa também é conhecido como Olofin Otete, aquele que pegou a cabaça da existência (Igbá Ìwà) de Olodumare.

Yaa Asantewaa, rainha-mãe de Ejisu no Império Ashanti

Yaa Asantewaa foi rainha-mãe de Ejisu, no Império Ashanti, atual Gana. Liderou a rebelião conhecida como a Guerra do Trono de Ouro, contra os colonizadores britânicos. A guerra teve início no ano de 1900 e durou cerca de sete meses.

Assim como outros líderes, Yaa Asantewaa acabou sendo capturada pelos britânicos e exilada nas ilhas Seychelles, onde morreu vinte anos depois.

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Busto de Yaa Asantewaa em seu museu – Foto: Noah Alorwu/Wikimedia Commons

Alguns estudos sugerem que a rainha tenha se entregado para que as vidas de sua filha e de sua neta, que estavam mantidas como reféns, fossem poupadas.

O sonho de Yaa Asantewa, de ver Ashanti livre das ameaças estrangeiras, acabou se concretizando em 1957, quando Gana se libertou dos colonizadores e conquistou a independência.

Na segunda metade do século XX, Yaa Asantewa se tornou inspiração para movimentos de lutas anti-imperialistas e para a organização de movimentos feministas africanos.