Virgulino Ferreira, Maria Bonita e os demais cangaceiros chegaram na grota de Angico, em Poço Redondo, Sergipe na véspera do ataque da volante que aniquilou o bando. Quando o grupo chegou no esconderijo já era noite, chovia muito e todos dormiram em suas barracas. A polícia chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5h15, do dia 28 de julho de 1938, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se prepararem para tomar café, foi quando um cangaceiro deu o alarme. Era tarde demais.

Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do tenente João Bezerra e do sargento Aniceto Rodrigues, abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

O ataque durou uns 20 minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a tombar. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Pegaram para si todo o dinheiro, o ouro, e as joias.

O desfile macabro das cabeças de Lampião e seu bando

A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando sua cabeça foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luís Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a. Este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro.

O último dia de Lampião e Maria Bonita
Lampião no sertão nordestino, nas proximidades do Rio São Francisco – Foto: Benjamin Abrahão Botto/ Domínio Público

Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto para servirem de alimento aos urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois colocaram creolina sobre os corpos.

O bando teria sido envenenado?

A morte de Lampião é assunto que gera controvérsias. Admite-se que houve um plano de envenenamento. Como Pedro Cândido era homem da inteira confiança de Lampião, ele poderia ter levado garrafas de quinado ou conhaque envenenadas, sem que as tampas tivessem sido violadas. Outros historiadores afirmam que Pedro Cândido teria levado para os cangaceiros pães envenenados e como era de total confiança, os alimentos não foram testados antes de serem comidos.

Tal argumento se baseia nos urubus mortos perto dos corpos após terem comido as vísceras dos cangaceiros e também porque quase não houve reação às balas da volante policial.

A tropa, que tomou parte no fuzilamento e na degola dos cangaceiros, era composta por 48 homens. O tenente João Bezerra, que chefiava o ataque, disse que foi rápido. Cercaram os bandidos num semicírculo. Apenas um soldado da polícia foi morto.